01.06.10
entre a espada e a parede
segredo_revelado
No peito sinto a lâmina da tua espada,
Metal frio que me tira a sensibilidade.
Feres-me de todas as vezes que ficas calada
Esvazias-me o querer e a vontade.
A parede não me deixa hipótese de fuga...
A única solução é enfrentar e tentar ser valente
Não posso contar com nenhuma ajuda
Há que levantar a cabeça e olhar em frente.
A ponta aguçada que me marca o peito
Tem o corte preciso e delicado de um bisturi
Faz um corte bem definido, quase que perfeito
Corta qualquer vestígio que ainda me ligue a ti.
Quero ser anestesiado e ficar meio entorpecido
Talvez então a dor seja menos difícil de suportar
Deixa-me sedado...Mostra-me o teu sorriso
Acalma-me e diz que a dor vai passar.
Prometo fazer um esforço para crer que é como dizes
Embora saiba que corro o risco de me esvair em sangue
Até os bons cirurgiões cometem deslizes,
Mas vou tentar ignorar que o risco é grande.
Abre-me o peito...
Retira de lá qualquer mágoa, tristeza ou inquietação
Em último caso, se não houver outro jeito
Tira também o coração.
Para não ficar com uma grande cicatriz,
Não apertes muito os nós da sutura
Assim será mais fácil esquecer esta operação que fiz
Mesmo que a cicatriz tenha a tua assinatura
No fim, antes que a anestesia passe...
Enquanto eu ainda estiver num estado alucinado
Deixa que te beije...Deixa que te abrace...
Serão essas as primeiras recordações quando ficar acordado.
segredo revelado: São tantas as vezes, pelos mais diversos motivos, em que nos vemos entre a espada e a parede, que cada vez dói menos ir em frente e enfrentar o gume afiado da espada/dificuldade.
Huuummm....
Ou será o contrário, e de tantas vezes que nos vemos entre a espada e a parede, é cada vez menor a vontade e a coragem de enfrentar as adversidades?
Cada um saberá qual a hipótese que melhor se adequa a si mesmo.